quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sarna Demodécica Canina (Sarna Negra)



Sarna Demodécica Canina (Sarna Negra)

A sarna é causada por ácaros ectoparasitas, presentes na superfície cutânea, ou nos folículos pilosos dos animais. Pode ser causada por diferentes espécies de ácaros, sendo que a sarna demodécica possui particularidades próprias, merecendo um tratamento a parte das demais sarnas. Recebe também o nome de demodecicose, sarna negra, sarna folicular, sarna vermelha e , quando o caso é mais grave, até lepra canina.
Demodex canis
O agente etiológico desta enfermidade é o ácaro Demodex sp, parasita que faz parte da fauna normal da pele dos animais. Este parasita o folículo piloso dos animais e, raramente, glândulas sebáceas próximas aos pêlos. Mede cerca de 100 micrômetros e sua locomoção é muito lenta, e realizada com o auxilio das suas oito atrofiadas patas. Cada espécie animal possui afinidade com uma determinada espécie deste ácaro, sendo que os cães são parasitados pelo Demodex canis.
Este ácaro, geralmente tem uma convivência pacífica com os cães, não causando prejuízos à sua saúde. No entanto, certas situações, o Demodex pode tornar-se um agente nocivo. Isto ocorre em casos de queda de resistência do organismo, passando a se reproduzir intensamente, espalhando-se pelo organismo do hospedeiro, alcançando linfonodos, baço, fígado, parede intestinal, glândulas mamárias, bexiga e pulmões. Além deste fator, existe também a predisposição genética a adquirir  para a doença, que pode ser herdada da mãe, do pai ou de ambos.
A transmissão deste ácaro geralmente não se dá pelo contato direto, pois o ácaro localiza-se profundamente na pele, na derme, mas pode ocorrer quando há estreito e prolongado contato entre um animal sadio e outro afetado. Há estudos que comprovam que esta enfermidade não é transmitida durante a vida intra-uterina e nem durante o parto, mas quando a mãe é portadora, dentro de 8 a 18 horas após o nascimento, os filhotes já apresentam o ácaro na região do focinho, sendo esta transmissão normal, não implicando no desenvolvimento da doença.
A demodecicose pode manifestar-se de duas formas:
  • Demodecicose localizada: caracteriazada por poucas áreas de alopecia delimitada (uma ou duas), pequenas, com graus variados de eritema, escamosas e hiperpigmentadas. O prurido e a piodermatite secundária não são frequentes. As lesões geralmente são encontradas na cabeça, pescoço e membros anteriores, podendo também aparecer em outras regiões do corpo do cão.
  • Demodecicose generalizada: a princípio, surge em animais de raças puras com menos de um ano de idade. Cerca de 10% das lesões localizadas causadas por este ácaro, podem dar origem a um quadro generalizado. Observa-se alopecia difusa, eritema, edema, seborréia, crostas e piodermatite secundária, podendo esta apresentar-se moderada, superficial ou severa e profunda com furunculose e celulite. Normalmente estão associados, prurido e linfoadenopatia generalizada.
A sarna negra pode ainda ocorrer sob a forma de otite externa, eritematosa e ceruminosa. Em casos de piodermatite demodécica, a única região atingida são as patas.
O diagnóstico é feito através da raspagem profunda de pele, sendo o material coletado observado em microscopia. Para que haja a confirmação do diagnóstico é necessário que seja encontrado um número elevado de ácaros adultos ou formas imaturas. As regiões prediletas do D. canis é ao redor do focinho e nas patas, sendo que estas zonas devem ser as primeiras de colheita de material para exame. Em situações especiais, pode ser feita a biópsia de pele para confirmação do diagnóstico.
Na forma generalizada, o tratamento definitivo não é possível de ser feito. Já a forma localizada responde bem ao controle, feito:
  • Tratamento tópico: com uso de xampus, sendo que este prepara a pele para receber um medicamento um medicamento que vem na forma líquida e é diluído em água; através do uso de “spot-on” que é aplicado no dorso do animal.
  • Tratamento sistêmico: medicamentos em forma de comprimido; injeções.
No geral, o tratamento para a demodecicose dura de 2 a 3 meses, sendo que a freqüência do uso do medicamento irá variar com o que for prescrito pelo Médico Veterinário.
Tratamento

"Na demodicicose localizada não é indicado tratamento, pois 90% dos casos tem cura espontânea em algumas semanas a meses e estudos demonstram que não há diferença na taxa de cura nos casos tratados e não tratados (BENSIGNOR; CARLOTTI, 2000; SANTAREM 2007)."

Na demodecicose generalizada o tratamento deve ser iniciado pelo combate aos causadores primários, se comprovados, como verminoses ou o hipotireoidismo.

A piodermite deve ser tratada com prioridade. Na ausência de antibiograma tem sido empregada com grande sucesso no tratamento das infecções secundaria a Cefalexina, na dose de 20 mg por kg de peso vivo durante 14 dias.

Para o combate ao Demodex canis, a recomendação do FDA (Food and Drug Administration) é o uso tópico em banhos ou pulverizações do Amitrax na concentração de 250 ppm. No Brasil é comum o emprego do Triatox da Schering-Plough, na dosagem de 4 mL por litro de água em banhos semanais até que os raspados de pele se mostrem negativos.

Um dia antes do banho com a solução de Amitrax o cão deve ser banhado com um xampu anti-séptico, para remoção de caspas, crostas e exsudatos, permitindo uma maior penetração do medicamento. O cão não deve ser enxaguado e deve secar o pelo à sombra.
A Virbac produz no Brasil uma coleira dermatológica à base de Amitrax, chamada de Preventic, que configura bom apoio ao tratamento.

Nas lesões interdigitais pode ser passada, diariamente, uma solução de Triatox em óleo mineral, na concentração de 1 mL para 10 mL de óleo.

Um medicamento de uso sistêmico que vem sendo empregado com sucesso é a Ivermectina, em uso oral, na posologia de 0,5 mg/Kg em dose diária, durante 90 dias.
Um protocolo de tratamento que vem apresentando ótimos resultados em diversos planteis é injeção subcutânea de 1 mL de ivomec injetável para cada 25 kg de peso vivo do cão, uma vez por semana, durante 8 semanas. Isso, associado a aplicações mensais pour-on de Promeris Duo ou Advocate. Nos casos mais graves, de demodécica generalizada, banhos com amitrax e cefalexina tem sido adicionados a esse tratamento, por diversos veterinários.

"A Ivermectina se mostra se mostra efetiva em 83,3 % dos cães tratados por um período de dez a dezoito semanas e por mais um mês após a cura clínica na dose de 300 a 600 µg/kg (PARADIS, 1999)."
O Levamisol têm sido empregado como coadjuvante no tratamento sistêmico, principalmente, por suas propriedades estimulantes do sistema imunológico.

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